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domingo, 15 de abril de 2012

Dezesseis minutos

Estava trôpego, trocava os passos, os pensamentos, as palavras. Trocava até mesmo a própria identidade. Ora um cantor de rock famoso, ora um escritor deprimido e ás vezes depravado. Um adolescente aproveitando o momento. Um carinha que só queria beber, beijar os pequenos lábios, os grandes lábios.

Sexo. Ele queria subir e descer no corpo de todas as moças belas, de bundas altas, coxas fartas, virilhas chamativas. Alternava entre o gargalo da garrafa e os lábios da morena. Entre acariciar as coxas e segurar o cigarro.

Trepavam num quarto sujo. Estavam deitados num colchão úmido de tanto suor. Tinha um cheiro de sexo sujo, um sexo violento. Assim a diversão seguia durante à noite. Respiração ofegante, suor escorrendo pelo rosto, dedos entrelaçados, carícias, batidas ritmadas: volúpia.
                                                                   31 de Outubro de 2010


Jônatas Mário Morais

domingo, 4 de março de 2012

For You

E agora me bate uma saudade imensa de ti, uma intensidade inimaginável.

Everyone of us has hope

Acabei de chegar da festinha de aniversário do Pedro. Foi legal, mas poderia ter sido melhor se estivesse a meu lado. Não me diverti muito, bebi um pouco, nada de exageros. Toda a galera estava lá, até o chato do Henrique. Também não podia faltar a Paula, Nina, a Fê e Taís, claro! Você não imagina, ela ficou a festa inteira atrás de mim. A todo momento me oferecia uísque, uns cigarros, uns quitutes, além de se oferecer também, óbvio. Como se fosse o produto principal. Mas só fiz dar uns pegas, nada de penetração.

Bem, voltei pra casa um pouco embriagado, mas só um pouco, tomei banho e resolvi ligar pro Paulinho. Disse que também estava na maresia, e como não iria trabalhar mais tarde, já que eram três da manhã, me convidou para beber e tragar uns cigarros a beira mar.
Então fui. Afinal, nada melhor que uísque e cigarro para curar um amor não consumado.

Jônatas Mário Morais

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Don't Panic

- Estão escondidos em teus olhos, morena. - disse-lhe com uma voz doce e trêmula, enquanto segurava-lhe as mãos. - Como pude não perceber?

- Mas o que se enconde? - questionou com um sorriso no canto da boca, um tanto quanto assustada.

- Este brilho, a sensação de paz e tranquilidade que tenho sempre que estou a teu lado, sempre que sinto teu calor ao te abraçar. Só agora notei que nutri por ti um amor imenso, que fica cada vez mais latente quando de encontro aos teus olhos. - explicou-lhe, pausadamente, enquanto beijava-lhe a face, os lábios e as mãos.

- Mas só agora pôde perceber? Não há mais tempo, escolhi um outro caminho que me distancia de ti...

- Ora, se a mudança te fará feliz, o que mais a impede? Magoar a si mesmo para agradar a outro é o pior que se pode fazer.

Trocaram alguns beijos, carícias, abraços e, logo em seguida, afastou-se dela. Caminhou até a beira da praia onde acendeu um cigarro. Um pouco angustiada, resolveu aproximar-se:

- Você também teve culpa, talvez o único culpado! - exclamou enquanto o estapeava e chorava - Agora quer pôr toda a culpa pra cima de mim? Covarde! Sempre fora um tremendo de um medroso.

- Não é verdade, não me julgue desta forma - respondeu enquanto tentava abraçá-la - Sempre quis o teu melhor, e o teu melhor talvez não fosse a meu lado. Não naquele momento.

- Era vidente, pai de santo ou coisa do tipo?! Como ter medo de arriscar a felicidade? Deixar a chance pedir licença para ir embora? Covarde!

Soltou-se dos braços de Fernando e correu para mergulhar na morna água de verão, durante uma noite quente, numa tentativa desesperada de lavar todas as mágoas e sofrimento, como fora aconselhada por sua avó, ''Nada melhor que um bom mergulho na praia, mas só durante o verão e à noite, pois a água estará morna, bem diferente de ti, que está fria, inanimada. Vá! Não perca tempo. Tenha o mar como uma válvula de escape, algo que te trará, momentaneamente, a felicidade. Lave o corpo, a alma. Chore. Deixe tuas lágrimas se misturar com o mar, pois não será notada. Busque a felicidade nas coisas mais simples, não num amor de conto de fadas."

Jônatas Mário Morais





sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um dia

Esse jardim aonde você se esconde
É similar ao meu interior,
Cheio de belezas camufladas,
Cercada de ternura e amor.

Minha pele arrisca encostar-se à tua,
Meus dedos ousam tocar-lhe o corpo.
Meu coração dispara ao perceber-te
E os meus olhos afugentados pelo seu olhar
Não sabem em qual direção se fixar.

Jônatas Mário Morais

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Viver, Verbo Infinitivo!

Falta-te vida,
algo ainda desconhecido,
que ainda está por vir
e pulsa dentro de ti.


Falta-te carinho,
tudo o que precisara ter:
Amor!


Falta-te coragem,
força para arriscar,
para tentar a felicidade.


Falta-te passos largos
a caminho da vida,
pois é viver ou viver.


Não aguarde um ''Venha'',
muito menos um ''Vamos'',
adiante-se a tudo e dê um ''Estou indo'',
um belo pulo para a felicidade,
dê um ''Fui!'', acompanhado de um sorriso e um amor que logo logo chegará.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Diálogo ou monólogo - Parte II

- Alô, é o Pedrinho?
- Não, não. Aqui é o Paulo. Quem fala?
- Ah! é um amigo dele... O Fernando.
- Prazer, sou o primo dele. Quer deixar recado? Ele foi dar uma volta na praia.
- Nada demais. Só diz que estou mudando de cidade, e ele tem que pegar as roupas, os livros, as cartas e tudo mais que me faça lembrar dele. Diz também que mandei um forte abraço, e que tão cedo não nos veremos.
- Tranquilo. Darei o recado. Boa viagem.
- Obrigado.

Jônatas Mário Morais

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Páginas em branco

Costumo acender um cigarro quando estou assim. Tragar profundamente e prender a fumaça dentro dos pulmões, fechar os olhos e só despertar quando eu não suportar mais.
No entanto, hoje é diferente. Esqueci de repor o estoque, supermercado fechado, mercadinho fechado e não há nenhum vendedor autônomo com a banquinha-tem-de-tudo. Afinal, são três da madrugada de domingo e tem festa lá no centro, já que hoje é o aniversário da cidade.

Além do cigarro, costumo beber uísque ou coisa mais forte, mas não estou disposto para isso. Sem desejo, sem ânsia de embriagar-me. Pois bem, só sei que estou depressivo, dor de cabeça e uma vontade enorme de permanecer deitado, com o rosto afundado no travesseiro, a cintura envolvida com o lençol e continuar neste ritmo até que eu canse.

Nada, absolutamente nada dos meus costumes estão sendo postos em prática desta vez. Estou me estranhando. Será evolução? Ou será um enorme vazio dentro de mim que você deixou? É, talvez seja isso.
Mas esse sentimento vai além, me corrói a alma, faz com que eu atrite meus dentes uns com os outros, que eu roa as unhas e que sinta arrepios descontroladamente.

O caderno que costumávamos escrever tudo aquilo que era importante para nós, não está mais dentro da nossa caixa de nostalgia. Também não está em nenhum lugar da casa. Deve ter sido jogado fora junto com os dizeres postos em cartas no formato de coração.
Na verdade, era tudo uma puta merda. O que não era uma puta, era uma merda e vice-versa. No fim, sempre acabávamos bem... Bem cheios de ódio, um desejo louco de dizer palavras de baixo calão e tudo o que viesse no momento de raiva.

Apesar de tudo, este é o único momento que me sinto completamente frágil, fraco e inseguro. Nunca dissemos “acabou”. O que falávamos era “acabou por hoje, por essa semana ou por esse mês”. Mas nunca, nunca dissemos “acabou”, de forma fria e única.

Está acabando também a minha força, a vontade de continuar respirando, andando, comendo, vivendo. Ficar sóbrio e sem fumar é demais para mim. Tudo fica tão real. É tudo mais impactante.

Jônatas Mário Morais

domingo, 2 de janeiro de 2011

Tensão superficial

Acompanhado de uma garrafa de conhaque, sentado no canto da sala, ainda com a roupa do trabalho – a camisa embebida de suor. Retirei os sapatos - apenas as meias aquecendo meus pés.

Um peso nas costas, na cabeça... Um peso. Conhaque, gelo e um livro. Lendo um desses contos que traz átona o valor da vida - as pequenas coisas que deixamos de fazer, mas que poderiam nos trazer grandes alegrias, dos amores e paixões que deixamos passarem despercebidos.

Alguns instantes sentado. Aos poucos fui relaxando, até estar completamente jogado na poltrona. Observava o copo transpirar, o gelo circulando. Nenhuma música clássica, nada tocando. Mas continua a dançar. Direita, esquerda; esquerda, direita; círculos. Prosseguia até o instante em que o interrompia e diminuía o volume de conhaque.

Minha mão, úmida e gelada, encarregava-se de direcionar o copo aos meus lábios sedentos de álcool. O gelo disputava lugar com o conhaque, mas eu preservava-os lá, queria observá-los. Duas ou três pedras - não tão frias quanto eu - derretiam contrariando-me.

Mais conhaque e mais gelo. Um cigarro para tornar o momento mais denso. Tragava profundamente, sem medo. Aprisionava a fumaça dentro dos meus pulmões, só liberava quando se tornava insuportável.
Um sopro. Uma nuvem negra cobria a cabeça, não diferente da vida. Apenas uma analogia concisa. Perdia-me diante de mim mesmo.

O primeiro cigarro próximo do fim; os problemas tão somente no começo.
Entre os dois, até chegar ao fim... Até queimar os dedos. Um pouco de gelo para esfriá-los; um pouco de dor para lembrar de mim; um pouco de angústia para fortalecer o momento; um pouco de sofrimento para beber mais.



Jônatas Mário Morais.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Adeus, primavera!

Deveria tê-la abraçado por mais tempo. Impedido que o vento deixasse-a mais fria. Deveria ter olhado nos olhos, sentido o perfume, me sensibilizado com a pele – sussurrou cabisbaixo, sentado no terceiro degrau em frente a sua casa. Sustentava a cabeça com o braço trêmulo. Tinha um olhar inquieto, uma respiração medrosa, mãos pálidas.

Lembrava-se constantemente da tarde nublada, mal vivida. Passava um curta-metragem: os passos acelerados, mãos tensas. Seus olhos buscavam algo ou alguém. Encontraram. Não acreditaram. Mas estava ali. Tímida. Braços voltados para baixo, dedos entrelaçados. Uma calça jeans; blusa lilás com estampas florais; sandália fechada com um laço. Percorreu todo o seu corpo, não deixou passar nada despercebido.

Descambou para uma sala vazia. As paredes pareciam cercá-lo, sufocá-lo, pressioná-lo a sair dali. Pernas bambas, tão bambas e bobas quanto ele.
Estavam dentro de um mesmo prédio, dentro de um mesmo dilema, confusão. Paixões. Diferentes, ardentes, assustados. Ela por estar num lugar estranho, sozinha dentro de si. Olhos vibrantes, corpo tenso.

Voltou. Desenhou cada gesto, cada ação que daria. Pôs em prática, mas não conseguira perfeição. Ansiedade. Cada vez mais próximo. Perfume. Fechou seus braços em torno dela, fechou seus olhos, entrelaçou seus dedos. Pulsação. Voltou-se para ele. Olhares. Ofereceu-lhe um abraço. Aceitou sem pestanejar.
Admiraram-se durante alguns segundos. Sem mais ter o que falar despediu-se momentaneamente dela. Tchau, disse quase sussurrando. Balançou a cabeça como se quisesse que ele voltasse, que permanecesse ali e apresentasse-a àquele mundo novo.

Voltou rapidamente para a sala. Sentou-se e pôs-se a pensar nas próximas ações. Lembrou-se de percorrer o prédio, conversar com alguns amigos, tentar passar o tempo e esquecer por algumas horas que ela estava ali. Afinal, não pudera fazer nada mais do que já havia feito.
Eram dois jovens aparentemente imiscíveis.

Conversou, riu, distraiu-se. Dentro de uma das salas disponíveis juntou-se com amigos e pôs-se a falar bobagens - coisas de adolescente. "Prefiro a morena", declarou o ruivo magro a todos da sala. Referia-se a uma das visitantes que fora prestigiar a apresentação musical de uma amiga. Assim que ouviu ‘morena’, deu-se conta de que havia passado duas horas e já era tempo de retornar para o térreo, onde já deveria estar.

De dois em dois degraus. Olhos arregalados, pernas nervosas, coração acelerado.
Viera de encontro a ele. Sentaram-se num muro baixo. Abraçou a bolsa, mas o desejo era de olhar bem no fundo dos seus olhos, apertar seus dedos contra os dele, passear por cada parte de seu corpo e dizer-lhe, "Perdão. Menti todo esse tempo. Tudo que faço é perder tempo, uma ilusão. Talvez, agora eu perceba, joguei fora uma doce paixão."
Controlou-se. Fixou seu olhar na multidão, uma multidão que a deixava impaciente - quanto barulho. Centenas de pernas, braços, bocas, orelhas... Centenas de vozes.
Algumas falas – àquelas que são ditas quando estão sem jeito, ou sem coragem:
- Imaginei que não viesse.
- Pois é, estou aqui - respondeu friamente.

O tempo, que não poupava esforços, demonstrava deleite.
Um minuto por segundo, uma hora por minuto.
À tarde se despedindo, os amigos se despedindo.

Adeus, primavera.

Um pouco mais soltos, próximos e amáveis.
Sempre à frente dele, segurou sua mão esquerda e pôs-se a puxá-lo para o outro lado da rua.
"Calma! Estou jovem para morrer", resmungou sorridente.

Papearam sobre ele, sobre ela, sobre os outros... Menos sobre os dois de uma única vez – se é que o leitor me entende – apenas conversas batidas, mastigadas, chatas.

Entre conversas, risos, uns segundos de silêncio, deram por si que o destino final estava ali.
Mudo. Mão direta no peito – talvez um hino, uma oração, um pedido - olhar no horizonte, sem coragem. Indo contra o seu desejo, aguardando um fim: que ela partisse de uma só vez dali.
Contraditório, também pensei.

Apressada, vasculhou a bolsa cheia de trecos e pegou o dinheiro da condução.
Mais próximos do fim. Um pouco distante o ônibus ousara acelerar mais e mais, indo, talvez, contra a vontade dos dois.

Adeus, morena!

Aberto os braços, os sorrisos. Um abraço apertado, com medo, com timidez.
Um adeus singelo, sem coragem, sem amor, sem paixão. Sem.
Tudo estava sem: sem sal, sem açúcar... Sem eles.
Adeus, um abraço apertado para guardar o momento. Um calafrio demorado para não esquecer jamais.
Adeus, morena! Adeus...




Jônatas Mário Morais.

domingo, 5 de setembro de 2010

Ardente

Segue arrastando o velho par de chinelos ladeira abaixo.
Chuta cada pedra que encontra no caminho, sente uma a uma ferir os dedos.

Um senhor aparentando quarenta anos - jovem ainda - caminha pela vida sem destino. Mais um louco gastando chinelo na cidade. Mais um velho sem uma poltrona confortável. Deve ser mais uma criança abandonada, mais um jovem sem paixão, sem pais, sem afeto.
Agora vejo um quarentão acabado, sem fome de viver, sem pulso, com o corpo gelado. Percebo um corpo vazio, sem alma. Um quarentão sem ânsia de viver, amar, sorrir, dançar, pintar, escrever, namorar: ser feliz!

Senta na calçada, encosta o corpo velho numa árvore. Tira a cachaça de uma sacolinha rasgada, suja, fedorenta. Retira a tampa apressadamente, com a mão direita vira a garrafa na boca, com a esquerda segura a tampa - irá guardar alguns goles pra depois - engole o líquido ardente.
Só cachaça para esquentar-lhe o corpo.

Dentro do carro, enfrentando um engarrafamento tremendo, observei cada atitude daquele quarentão - estou chutando a idade - mas aos poucos me distancio dele, o engarrafamento vai acabando e eu vou seguindo.
Para trás ficou uma criança, um jovem, um quarentão. Um velho sem alma, sem fome, mas com cede de cachaça forte.
Cachaça. Beberei um pouco cachaça assim que chegar em casa. Uma cachaça para esquentar meu corpo.


Jônatas Mário Morais.

sábado, 4 de setembro de 2010

Corre, Corrente, Corredor.

Mais uma noite de sábado aproxima-se. Junto com ela chega o vento, que avança pela janela sem pedir permissão. Este mesmo vento que tocou o rosto de tantos andarilhos.
Sim, este vento é diferente. Avança pela janela, acaricia o rosto, arrepia o corpo.
Este mesmo vento traz o perfume da minha amada. Traz a lembrança de uma tarde distante, de um abraço desconsertado.

A janela continua aberta, como uma televisão, ela mostra o mundo. Sem qualquer pudor me atrai para a perdição da rua, para as garotas devassas. Me apresenta para a noite da alegria, dos instintos selvagens e sexuais.
Fico sem ação diante de tantas mulatas, loiras, ruivas... tantas mulheres! É um aglomerado de coxas, bocas, braços, bundas... carne!
As pernas ficam bambas só de imaginar estar com uma daquelas... Ah, quantas mulheres! Mesmo estando diante de tanta carne, sinto que não estou contente. Mulheres, sexo, cachaça e música não são o bastante.

Preciso voltar pra casa, preciso sentar na cadeira em frente a janela.
Preciso sentir o vento acariciar meu rosto, sentir minha amada a meu lado.
Preciso voltar a minha companheira nostalgia.


Jônatas Mário Morais.

domingo, 22 de agosto de 2010

Oito

Passa o vento,
Passa o tempo,
Passa o passo.

Passa o passado,
Passa o dia,
Passa a noite.

Passa o momento.

Passa o beijo,
Passa o abraço,
Passa o passo.

Passa a paixão,
Passa a atração,
Passa o desejo.

Jônatas Mário Morais

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Derrocada

Tente lembrar em que lugar deixou,
Tente descobrir com quem você errou,
Tente conhecer as suas fraquezas,
Tente enxergar as coisas ao seu redor.

Jônatas Mário Morais

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Glória!

Catorze dias em alto mar,
Em pleno desespero,
Fazendo de tudo pra não afundar,
Enfrentando meus maiores medos,
Tragado pelo vazio.

Inquieto e profundo,
Finalizando o meu orgulho,
Enfraquecendo meus desejos,
Conhecendo os meus demônios,
Tentando não morrer.

Jônatas Mário Morais

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vendaval

Estou como o tempo lá fora, completamente frio, instável e nublado. Numa profunda frieza. E não há temporal maior que o meu, não há tempestade maior que a minha, não há ventos tão frios quanto os meus. Estou completamente frio. E não há gotas mais fortes que as minhas lágrimas, não há céu mais vermelho que os meus olhos, não há pensamentos mais nublados que os meus. Não há tempestade maior que a minha. E não há nuvens mais densas que os meus sentimentos. Não há tempo mais instável que eu, não há temporal mais forte que o meu, não há noite mais fria que eu.


Jônatas Mário Morais

sábado, 12 de dezembro de 2009

Muro

Cansado de assistir, decide sair. Levanta do sofá, desliga a televisão, segue em direção ao quarto. Olha ao redor, procura a roupa mais simples, acha, joga em cima da cama.
Segue para o banheiro, tira a roupa, liga o chuveiro, pensa duas vezes antes de se molhar, lembra de todo sofrimento que passa. Estufa o peito, se joga debaixo da água, alisa-se. Eufórico, respira. Enxuga-se. Fecha os olhos, reflexão. Veste-se, perfume, penteia o cabelo.
Caminha até a sala, pega a chave do carro, sai. Dentro do carro percebe que a rua está sem ninguém. Propõe-se a caminhar no bairro. Observando as árvores, a água represada... observando a vida. Observando a si mesmo. Olha para o céu, admira a noite. Percebe que a vida é mais simples do que se imagina. Que pode ter alegria num caminhar, num contato vagaroso com a noite. Ter alegria com um banhar de luar, num contato íntimo com o interior de si mesmo.



Jônatas Mário Morais.