sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Don't Panic

- Estão escondidos em teus olhos, morena. - disse-lhe com uma voz doce e trêmula, enquanto segurava-lhe as mãos. - Como pude não perceber?

- Mas o que se enconde? - questionou com um sorriso no canto da boca, um tanto quanto assustada.

- Este brilho, a sensação de paz e tranquilidade que tenho sempre que estou a teu lado, sempre que sinto teu calor ao te abraçar. Só agora notei que nutri por ti um amor imenso, que fica cada vez mais latente quando de encontro aos teus olhos. - explicou-lhe, pausadamente, enquanto beijava-lhe a face, os lábios e as mãos.

- Mas só agora pôde perceber? Não há mais tempo, escolhi um outro caminho que me distancia de ti...

- Ora, se a mudança te fará feliz, o que mais a impede? Magoar a si mesmo para agradar a outro é o pior que se pode fazer.

Trocaram alguns beijos, carícias, abraços e, logo em seguida, afastou-se dela. Caminhou até a beira da praia onde acendeu um cigarro. Um pouco angustiada, resolveu aproximar-se:

- Você também teve culpa, talvez o único culpado! - exclamou enquanto o estapeava e chorava - Agora quer pôr toda a culpa pra cima de mim? Covarde! Sempre fora um tremendo de um medroso.

- Não é verdade, não me julgue desta forma - respondeu enquanto tentava abraçá-la - Sempre quis o teu melhor, e o teu melhor talvez não fosse a meu lado. Não naquele momento.

- Era vidente, pai de santo ou coisa do tipo?! Como ter medo de arriscar a felicidade? Deixar a chance pedir licença para ir embora? Covarde!

Soltou-se dos braços de Fernando e correu para mergulhar na morna água de verão, durante uma noite quente, numa tentativa desesperada de lavar todas as mágoas e sofrimento, como fora aconselhada por sua avó, ''Nada melhor que um bom mergulho na praia, mas só durante o verão e à noite, pois a água estará morna, bem diferente de ti, que está fria, inanimada. Vá! Não perca tempo. Tenha o mar como uma válvula de escape, algo que te trará, momentaneamente, a felicidade. Lave o corpo, a alma. Chore. Deixe tuas lágrimas se misturar com o mar, pois não será notada. Busque a felicidade nas coisas mais simples, não num amor de conto de fadas."

Jônatas Mário Morais