quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Traços à noite

E escreveu cuidadosamente na parede do quarto, atrás da cabeceira:

Irei orar por ti todos os dias, também irei lembrar de todos os abraços, dos passeios, dos cigarros tragados por nós dois, à noite, na pracinha do bairro. Não se preocupe, pedirei por nós dois, sempre, mesmo você não me pertencendo mais - se é que um dia me pertenceu.

Que seja feliz, é o que me importa. Egoísmo é sentimento de fracos, de pessoas que não sabem o que é amar. E eu te amo tanto que... Lembrarei dos versos que fizemos à beira mar, na noite de domingo, dia dos namorados. Éramos tão bons que não precisávamos escrever nada, tudo ficava marcado na memória, pelo menos na minha sei que ainda está, quer ver? Aliás, não. É melhor não. Tenho certeza que o sentimento ainda permanece aí, dentro de ti.

É isso, espero que sejas feliz. Mas se não for, pode me chamar que retornarei imediatamente - ou não. Caso eu não possa ir, me ligue, de preferência às três da manhã, para uns cigarros, uns goles de uísque, alguns risos e uma saudade profunda dos nossos toques.

                                            Maio, 28, 1996. 


Jônatas Mário Morais.