domingo, 11 de dezembro de 2016

Vermelho

Na lembrança da infância
estão morangos
vermelhos e vivos.

Na lembrança da infância
exala o cheiro do amor.

Na lembrança da infância
estão os toques de uma flor.

Na lembrança da infância
estão os abraços de uma avó.

Na lembrança da infância
está a materialização do amor.

Ah! a lembrança da infância!

Só que a morte levou
para sempre
o meu morango
e me deixou a lembrança da infância.


Salvador-Ba, 21 de julho de 2013.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Outubro



Ainda que a dúvida ou o ódio faça parte de ti
continuarei um ser complexo até mesmo pra mim
assim como você é, às vezes, pra você e para os outros.

Me contento com 'migalhas'
afundo em mim mesmo e assim permaneço
sendo, deveras, um completo antipático e
comumente, um bipolar.

De fato, o que há, é um bem-querer imenso de ti
mesmo que as palavras outrora tenham proporcionado sentido diferente
contrariando estas e outras palavras pretéritas, também.

O que há - mais uma vez - é o regojizo diante da tua evolução
indistintamente
quando alça voo a caminho da tua felicidade.

E eu... eu só tenho que dizer - Vá! Voe cada vez mais alto -
e mesmo que eu ou qualquer um dissesse que "não", deverias voar
voar e bailar eternamente.

Por mais que a gente encubra um retrato tentando esquecê-lo
em algum momento o fotografamos em nossa memória
quando não em lugar pior: em nosso coração.

Que fazer com o quadro, então?
Suponho, humildemente, admirá-lo
e torcer para que ele, magicamente, torne-se mais belo
torne-se animado.

Que o passado permaneça em segredo
mas um segredo entre dois pontos
não mais que isso.

E que estas palavras desapareçam daqui e daí
como num passe de mágica
e fique somente no coração, se forem merecedoras.

Estas singelas palavras
erradas, talvez
sejam guardadas aí, bem no peito.

Ou, se quiser, poderá jogá-las fora
as palavras
e jamais lembrá-las, nem mesmo para tecer comentários.

E, às vezes, um está muito abaixo do outro
para que ambos possam estar juntos
e, com medo, o menor prefere afastar-se...

Pois o mundo é demasiado monstruoso
impiedoso
para com os fracos.

Mas, para ti, o mundo é um nada
pois és uma fortaleza de mulher
uma fortaleza feminina.

Bailarina.


Jônatas Mário Morais

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Dois de Uma

Aprisionado no fundo d'alma
retorna
demasiado forte
com ímpeto destemido.

Sem pestanejar
arrebenta as correntes
que deveriam proteger-me.

Astuto
envolve-me com tamanha maestria
que retira toda e qualquer defesa.

Parece brincar
circunavegando meu espaço
invadindo meu território
apossando-se de mim.

Na dualidade
cá estou
confuso.


Jônatas Mário Morais

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A gosto do amor


E nego,
acima de tudo,
admitir que amo.

Pois quando se ama,
torna-se dependente,
cria-se uma linha de necessidade.

E nego,
acima de tudo,
admitir que desejo.

Pois o desejo
causa sofrimento,
dor.
O medo reside
no intervalo do ter
e não ter mais.

Ora, se te tenho hoje
e amanhã não o tenho mais,
como conviver com tua ausência?


Jônatas Mário Morais

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Assim Seja!


Tenho me desgastado muito ultimamente. Deixando que as mensagens contidas nas entrelinhas passem desapercebidas por mim, e isso é preocupante. Quando se chega a este ponto, o ponto de não perceber as pequenas coisas que acontecem com nós mesmos, aí sim é hora de puxar a linha que nos permite correr desesperadamente em busca de um objetivo, a típica corda que nos dá energia o suficiente para percorrer todo o mundo em menos de vinte e quatro horas se for necessário. Este é o momento de diminuir o ritmo, parar e analisar-se cuidadosamente. Dar a devida atenção a nós mesmos, estar em silêncio, em paz... estar em completa calmaria.

Um dos nossos maiores medos é este: estar em silêncio. Temos tanto medo de estar em silêncio que sempre buscamos algo que faça barulho, que se comunique direta ou indiretamente conosco. Mesmo que seja um ruído, o mínimo barulho. Temos sempre o terrível e perigoso vício de não nos escutarmos. E sempre que temos a oportunidade de introspecção, paz, silêncio, o desespero bate, a solidão dá o pequeno sinal de que quer invadir o nosso mundo. No entanto não é A Solidão, e sim um lapso de solidão que poderemos interromper a qualquer momento, mas que antes possamos nos ver e rever, nos reavaliar, sentir o que necessitamos de nós mesmos.

E que cada amanhecer seja contemplado com toda força, fé e amor, afastando todas as forças negativas, dores, angústias, rancores e ódio... Mas que em contrapartida sejamos energizados positivamente.

Força Fé e Amor. E sem vírgulas, pois estes três elementos estarão sempre juntos, ininterruptos.




Jônatas Mário Morais