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domingo, 4 de março de 2012

For You

E agora me bate uma saudade imensa de ti, uma intensidade inimaginável.

Everyone of us has hope

Acabei de chegar da festinha de aniversário do Pedro. Foi legal, mas poderia ter sido melhor se estivesse a meu lado. Não me diverti muito, bebi um pouco, nada de exageros. Toda a galera estava lá, até o chato do Henrique. Também não podia faltar a Paula, Nina, a Fê e Taís, claro! Você não imagina, ela ficou a festa inteira atrás de mim. A todo momento me oferecia uísque, uns cigarros, uns quitutes, além de se oferecer também, óbvio. Como se fosse o produto principal. Mas só fiz dar uns pegas, nada de penetração.

Bem, voltei pra casa um pouco embriagado, mas só um pouco, tomei banho e resolvi ligar pro Paulinho. Disse que também estava na maresia, e como não iria trabalhar mais tarde, já que eram três da manhã, me convidou para beber e tragar uns cigarros a beira mar.
Então fui. Afinal, nada melhor que uísque e cigarro para curar um amor não consumado.

Jônatas Mário Morais

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Don't Panic

- Estão escondidos em teus olhos, morena. - disse-lhe com uma voz doce e trêmula, enquanto segurava-lhe as mãos. - Como pude não perceber?

- Mas o que se enconde? - questionou com um sorriso no canto da boca, um tanto quanto assustada.

- Este brilho, a sensação de paz e tranquilidade que tenho sempre que estou a teu lado, sempre que sinto teu calor ao te abraçar. Só agora notei que nutri por ti um amor imenso, que fica cada vez mais latente quando de encontro aos teus olhos. - explicou-lhe, pausadamente, enquanto beijava-lhe a face, os lábios e as mãos.

- Mas só agora pôde perceber? Não há mais tempo, escolhi um outro caminho que me distancia de ti...

- Ora, se a mudança te fará feliz, o que mais a impede? Magoar a si mesmo para agradar a outro é o pior que se pode fazer.

Trocaram alguns beijos, carícias, abraços e, logo em seguida, afastou-se dela. Caminhou até a beira da praia onde acendeu um cigarro. Um pouco angustiada, resolveu aproximar-se:

- Você também teve culpa, talvez o único culpado! - exclamou enquanto o estapeava e chorava - Agora quer pôr toda a culpa pra cima de mim? Covarde! Sempre fora um tremendo de um medroso.

- Não é verdade, não me julgue desta forma - respondeu enquanto tentava abraçá-la - Sempre quis o teu melhor, e o teu melhor talvez não fosse a meu lado. Não naquele momento.

- Era vidente, pai de santo ou coisa do tipo?! Como ter medo de arriscar a felicidade? Deixar a chance pedir licença para ir embora? Covarde!

Soltou-se dos braços de Fernando e correu para mergulhar na morna água de verão, durante uma noite quente, numa tentativa desesperada de lavar todas as mágoas e sofrimento, como fora aconselhada por sua avó, ''Nada melhor que um bom mergulho na praia, mas só durante o verão e à noite, pois a água estará morna, bem diferente de ti, que está fria, inanimada. Vá! Não perca tempo. Tenha o mar como uma válvula de escape, algo que te trará, momentaneamente, a felicidade. Lave o corpo, a alma. Chore. Deixe tuas lágrimas se misturar com o mar, pois não será notada. Busque a felicidade nas coisas mais simples, não num amor de conto de fadas."

Jônatas Mário Morais





sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um dia

Esse jardim aonde você se esconde
É similar ao meu interior,
Cheio de belezas camufladas,
Cercada de ternura e amor.

Minha pele arrisca encostar-se à tua,
Meus dedos ousam tocar-lhe o corpo.
Meu coração dispara ao perceber-te
E os meus olhos afugentados pelo seu olhar
Não sabem em qual direção se fixar.

Jônatas Mário Morais

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Viver, Verbo Infinitivo!

Falta-te vida,
algo ainda desconhecido,
que ainda está por vir
e pulsa dentro de ti.


Falta-te carinho,
tudo o que precisara ter:
Amor!


Falta-te coragem,
força para arriscar,
para tentar a felicidade.


Falta-te passos largos
a caminho da vida,
pois é viver ou viver.


Não aguarde um ''Venha'',
muito menos um ''Vamos'',
adiante-se a tudo e dê um ''Estou indo'',
um belo pulo para a felicidade,
dê um ''Fui!'', acompanhado de um sorriso e um amor que logo logo chegará.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Due

                                                                               À
                                                                               Wesley Masil



"Escrevo-te pela primeira vez, e ainda com um receio enorme, tentando imaginar como você compreenderá minhas palavras. Tenho medo, não nego. É um medo de não saber lidar com suas emoções; pior, não saber conviver e aceitar as minhas próprias emoções.

Ah! não tenho esquecido de pôr a ração do Teddy, limpar a gaiola... Além do mais, não esqueço de limpar o aquário do Bob, até porque acho tão lindo como ele nada. Queria me sentir livre, leve, assim como ele deve se sentir. A água amortece todo o peso. Torna as dores menos fortes.

Tenho caminhado todas as manhãs pelo quarteirão, retirado as folhas secas do quintal e aparado a grama, tudo em seu devido lugar... Menos eu! Aliás, deixa pra lá. Não quero relatar o que sinto, ou o que deixo de sentir. Apenas te contar o que tenho feito nesses dias solitários, mas tranquilos. Ao menos para os vizinhos, pois o garotão da casa ao lado viajou. Ouvi dizer que foi fazer um show em Recife. Que não volte tão cedo!

Pois então... Ontem pedi pizza, portuguesa, pequena mesmo. Comi sozinho, mas fiz o mesmo de sempre: deixei dois pedaços para o dia seguinte. Cê sabe, pizza ''dormida'' é bem melhor.
Não posso esconder... A casa tá uma bagunça! Tem copos na mesinha da sala, o tapete do banheiro molhado, a toalha sobre a cama... Um caos! Mas não se preocupe, tudo estará arrumado antes do seu retorno.

Sobre as noites? Tenho dormido sozinho, claro. Leio um livro, bebo uísque, trago um ou dois cigarros, perambulo pela casa, ouço umas músicas bem nostálgicas, ponho todo meu peso sobre as paredes da casa e relembro seu sorriso, seus beijos, abraços, olhares... E como se não bastasse, o tempo muda de repente e começa a chover. Aquela chuva leve, fina, que só traz calmaria. 'Chuva para casais.'

Enfim, há dois meses que não vejo mais você. Dois meses sem abraços, sem beijos, sem sexo... E sinto uma saudade enorme, mesmo sabendo que está muito feliz aí. Às vezes chego a acreditar que é egoísmo, mas depois me convenço que não é. É apenas paixão, uma saudade enorme de compartilhar minha vida, meus momentos, minhas alegrias, decepções, angústias, meu 'eu'. Só isso.

Bom, já é tarde aqui. São três da manhã e tenho que levantar às seis, tenho que trabalhar. Amanhã é terça, e sempre tenho dormido além do meu horário, sempre de madrugada.
Manda beijos e abraços para a Pati, Duda, Tati e pra Maria também. Ah! Não posso esquecer do Marcelo, senão ele me mata. Diz que em breve irei visitá-los.

Receba meus beijos com sabor de uísque e cigarro, embalados pelo som e cheiro do mar... Como naquela noite que tivemos em Morro de São Paulo. Axé pra você, meu bem!

                                                                                            Salvador, Dezembro de algum ano aí."


Jônatas Mário Morais

domingo, 11 de dezembro de 2011

Diálogo ou monólogo - Parte II

- Alô, é o Pedrinho?
- Não, não. Aqui é o Paulo. Quem fala?
- Ah! é um amigo dele... O Fernando.
- Prazer, sou o primo dele. Quer deixar recado? Ele foi dar uma volta na praia.
- Nada demais. Só diz que estou mudando de cidade, e ele tem que pegar as roupas, os livros, as cartas e tudo mais que me faça lembrar dele. Diz também que mandei um forte abraço, e que tão cedo não nos veremos.
- Tranquilo. Darei o recado. Boa viagem.
- Obrigado.

Jônatas Mário Morais

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Calmaria

Passou. Afirmo sem o menor arrependimento, angústia ou aperto forte no coração, como já tivera outrora. Já não trago comigo aquele sentimento profundo que nutrira por ti, pois deixei tudo para trás, como se nunca tivesse vivido.

Acabei por jogar todo o amor em sentido oposto ao meu caminhar, e o vento encarregou-se  de encobri-lo com areia. E o mar envolveu-me de tal maneira que afagou meu espírito, meu corpo. Flutuei por sobre as marolas calmas e tranquilizantes que ousavam tocar-me o corpo. Descansei em paz durante séculos, tão somente a tua espera.


Jônatas Mário Morais

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Parte de nós

Ainda busco seu cheiro, suas roupas... qualquer coisa que faça você estar mais próxima de mim. Permanecer nesta casa vazia é tenso. Ocupar esta cama de casal é impossível, são necessários dois corpos, juntos, como sempre estivemos.

As quintas à noite eram reservadas só para nós. Abríamos duas ou três garrafas de uísque, fazíamos o jantar, juntos, e ainda tragávamos um bom Hollywood na varanda, onde costumávamos deitar e admirar a rua mansa e a lua cheia.
Nada mais será possível, meu bem. Ficaram apenas resquícios de uma paixão ardente, que me deixou atordoado, numa vibe completamente nova e alucinante.

Neste momento, reservo-me no quarto, bebendo, fumando e escrevendo a última carta que traz detalhes que só nós sabíamos, segredos bons, perigosos e excitantes. Verso sobre um amor puro, cristalino, que só me trouxe paz e alegria. Agora, meu bem, trago este cigarro como se estivesse absorvendo a minha, a tua, a nossa vida.


Jônatas Mário Morais

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Infinito

As folhas já não vibram como antes.
Já não há palavras no peito,
nem amor.
E tudo ficou perdido na imensidão do tempo.

Jônatas Mário Morais.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Traços à noite

E escreveu cuidadosamente na parede do quarto, atrás da cabeceira:

Irei orar por ti todos os dias, também irei lembrar de todos os abraços, dos passeios, dos cigarros tragados por nós dois, à noite, na pracinha do bairro. Não se preocupe, pedirei por nós dois, sempre, mesmo você não me pertencendo mais - se é que um dia me pertenceu.

Que seja feliz, é o que me importa. Egoísmo é sentimento de fracos, de pessoas que não sabem o que é amar. E eu te amo tanto que... Lembrarei dos versos que fizemos à beira mar, na noite de domingo, dia dos namorados. Éramos tão bons que não precisávamos escrever nada, tudo ficava marcado na memória, pelo menos na minha sei que ainda está, quer ver? Aliás, não. É melhor não. Tenho certeza que o sentimento ainda permanece aí, dentro de ti.

É isso, espero que sejas feliz. Mas se não for, pode me chamar que retornarei imediatamente - ou não. Caso eu não possa ir, me ligue, de preferência às três da manhã, para uns cigarros, uns goles de uísque, alguns risos e uma saudade profunda dos nossos toques.

                                            Maio, 28, 1996. 


Jônatas Mário Morais.
                       

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Páginas em branco

Costumo acender um cigarro quando estou assim. Tragar profundamente e prender a fumaça dentro dos pulmões, fechar os olhos e só despertar quando eu não suportar mais.
No entanto, hoje é diferente. Esqueci de repor o estoque, supermercado fechado, mercadinho fechado e não há nenhum vendedor autônomo com a banquinha-tem-de-tudo. Afinal, são três da madrugada de domingo e tem festa lá no centro, já que hoje é o aniversário da cidade.

Além do cigarro, costumo beber uísque ou coisa mais forte, mas não estou disposto para isso. Sem desejo, sem ânsia de embriagar-me. Pois bem, só sei que estou depressivo, dor de cabeça e uma vontade enorme de permanecer deitado, com o rosto afundado no travesseiro, a cintura envolvida com o lençol e continuar neste ritmo até que eu canse.

Nada, absolutamente nada dos meus costumes estão sendo postos em prática desta vez. Estou me estranhando. Será evolução? Ou será um enorme vazio dentro de mim que você deixou? É, talvez seja isso.
Mas esse sentimento vai além, me corrói a alma, faz com que eu atrite meus dentes uns com os outros, que eu roa as unhas e que sinta arrepios descontroladamente.

O caderno que costumávamos escrever tudo aquilo que era importante para nós, não está mais dentro da nossa caixa de nostalgia. Também não está em nenhum lugar da casa. Deve ter sido jogado fora junto com os dizeres postos em cartas no formato de coração.
Na verdade, era tudo uma puta merda. O que não era uma puta, era uma merda e vice-versa. No fim, sempre acabávamos bem... Bem cheios de ódio, um desejo louco de dizer palavras de baixo calão e tudo o que viesse no momento de raiva.

Apesar de tudo, este é o único momento que me sinto completamente frágil, fraco e inseguro. Nunca dissemos “acabou”. O que falávamos era “acabou por hoje, por essa semana ou por esse mês”. Mas nunca, nunca dissemos “acabou”, de forma fria e única.

Está acabando também a minha força, a vontade de continuar respirando, andando, comendo, vivendo. Ficar sóbrio e sem fumar é demais para mim. Tudo fica tão real. É tudo mais impactante.

Jônatas Mário Morais

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Treze 10

As mãos tentam impedir a todo custo uma aproximação ousada, que demonstre uma intenção mascarada pela generosidade.
Os dedos chegam cada vez mais perto, cada vez as mãos trêmulas, um pouco úmidas, tocam-lhe uma pequena parte do braço direito.
Desperta rapidamente de alguns segundos de cochilo; afasta a cabeça da janela; abre os olhos assustados; suas mãos buscam a bolsa, o caderno e alguns livros. Ele, não muito diferente, também se assusta com a reação dela.

Não queria tê-la acordado de tal maneira. Apenas sentir-lhe um pouco, antes de preocupar-se efetivamente com um possível mau jeito no pescoço.

- Perdão, não queria te acordar de tal maneira. Explicou, timidamente, o jovem.

- Não, não foi nada. Estava na hora de acordar. Desço daqui a dois pontos.

Depois de um curto diálogo os olhares se perderam.

Levantou-se. Obrigada a olhar nos olhos dele - já que o ônibus estava cheio e ele estava em pé na frente dela - pediu licença. Os lábios pestanejaram, a fala impedida de entrar em ação por causa da sintonia, um medo a dois.

- Claro, pode passar.
Respondeu o rapaz moreno, alto e charmoso – os adjetivos gritavam do pensamento dela, eu ouvi nitidamente.

Fizera questão de deixar visível o horário da faculdade – talvez na esperança de que ele fosse visitá-la, convidá-la para uma balada, ou quem sabe para sua casa. Passou vagarosamente pelo rapaz, o prazer tomava conta. Queria sentir o perfume, a pele, o tórax.
Mesmo com tamanha timidez, passou a barba nas costas da garota assanhada. Arrepios. Caminhou em direção a saída e despediu-se contrariada, com um sorriso avassalador.




Jônatas Mário Morais.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Tensão superficial

Acompanhado de uma garrafa de conhaque, sentado no canto da sala, ainda com a roupa do trabalho – a camisa embebida de suor. Retirei os sapatos - apenas as meias aquecendo meus pés.

Um peso nas costas, na cabeça... Um peso. Conhaque, gelo e um livro. Lendo um desses contos que traz átona o valor da vida - as pequenas coisas que deixamos de fazer, mas que poderiam nos trazer grandes alegrias, dos amores e paixões que deixamos passarem despercebidos.

Alguns instantes sentado. Aos poucos fui relaxando, até estar completamente jogado na poltrona. Observava o copo transpirar, o gelo circulando. Nenhuma música clássica, nada tocando. Mas continua a dançar. Direita, esquerda; esquerda, direita; círculos. Prosseguia até o instante em que o interrompia e diminuía o volume de conhaque.

Minha mão, úmida e gelada, encarregava-se de direcionar o copo aos meus lábios sedentos de álcool. O gelo disputava lugar com o conhaque, mas eu preservava-os lá, queria observá-los. Duas ou três pedras - não tão frias quanto eu - derretiam contrariando-me.

Mais conhaque e mais gelo. Um cigarro para tornar o momento mais denso. Tragava profundamente, sem medo. Aprisionava a fumaça dentro dos meus pulmões, só liberava quando se tornava insuportável.
Um sopro. Uma nuvem negra cobria a cabeça, não diferente da vida. Apenas uma analogia concisa. Perdia-me diante de mim mesmo.

O primeiro cigarro próximo do fim; os problemas tão somente no começo.
Entre os dois, até chegar ao fim... Até queimar os dedos. Um pouco de gelo para esfriá-los; um pouco de dor para lembrar de mim; um pouco de angústia para fortalecer o momento; um pouco de sofrimento para beber mais.



Jônatas Mário Morais.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Adeus, primavera!

Deveria tê-la abraçado por mais tempo. Impedido que o vento deixasse-a mais fria. Deveria ter olhado nos olhos, sentido o perfume, me sensibilizado com a pele – sussurrou cabisbaixo, sentado no terceiro degrau em frente a sua casa. Sustentava a cabeça com o braço trêmulo. Tinha um olhar inquieto, uma respiração medrosa, mãos pálidas.

Lembrava-se constantemente da tarde nublada, mal vivida. Passava um curta-metragem: os passos acelerados, mãos tensas. Seus olhos buscavam algo ou alguém. Encontraram. Não acreditaram. Mas estava ali. Tímida. Braços voltados para baixo, dedos entrelaçados. Uma calça jeans; blusa lilás com estampas florais; sandália fechada com um laço. Percorreu todo o seu corpo, não deixou passar nada despercebido.

Descambou para uma sala vazia. As paredes pareciam cercá-lo, sufocá-lo, pressioná-lo a sair dali. Pernas bambas, tão bambas e bobas quanto ele.
Estavam dentro de um mesmo prédio, dentro de um mesmo dilema, confusão. Paixões. Diferentes, ardentes, assustados. Ela por estar num lugar estranho, sozinha dentro de si. Olhos vibrantes, corpo tenso.

Voltou. Desenhou cada gesto, cada ação que daria. Pôs em prática, mas não conseguira perfeição. Ansiedade. Cada vez mais próximo. Perfume. Fechou seus braços em torno dela, fechou seus olhos, entrelaçou seus dedos. Pulsação. Voltou-se para ele. Olhares. Ofereceu-lhe um abraço. Aceitou sem pestanejar.
Admiraram-se durante alguns segundos. Sem mais ter o que falar despediu-se momentaneamente dela. Tchau, disse quase sussurrando. Balançou a cabeça como se quisesse que ele voltasse, que permanecesse ali e apresentasse-a àquele mundo novo.

Voltou rapidamente para a sala. Sentou-se e pôs-se a pensar nas próximas ações. Lembrou-se de percorrer o prédio, conversar com alguns amigos, tentar passar o tempo e esquecer por algumas horas que ela estava ali. Afinal, não pudera fazer nada mais do que já havia feito.
Eram dois jovens aparentemente imiscíveis.

Conversou, riu, distraiu-se. Dentro de uma das salas disponíveis juntou-se com amigos e pôs-se a falar bobagens - coisas de adolescente. "Prefiro a morena", declarou o ruivo magro a todos da sala. Referia-se a uma das visitantes que fora prestigiar a apresentação musical de uma amiga. Assim que ouviu ‘morena’, deu-se conta de que havia passado duas horas e já era tempo de retornar para o térreo, onde já deveria estar.

De dois em dois degraus. Olhos arregalados, pernas nervosas, coração acelerado.
Viera de encontro a ele. Sentaram-se num muro baixo. Abraçou a bolsa, mas o desejo era de olhar bem no fundo dos seus olhos, apertar seus dedos contra os dele, passear por cada parte de seu corpo e dizer-lhe, "Perdão. Menti todo esse tempo. Tudo que faço é perder tempo, uma ilusão. Talvez, agora eu perceba, joguei fora uma doce paixão."
Controlou-se. Fixou seu olhar na multidão, uma multidão que a deixava impaciente - quanto barulho. Centenas de pernas, braços, bocas, orelhas... Centenas de vozes.
Algumas falas – àquelas que são ditas quando estão sem jeito, ou sem coragem:
- Imaginei que não viesse.
- Pois é, estou aqui - respondeu friamente.

O tempo, que não poupava esforços, demonstrava deleite.
Um minuto por segundo, uma hora por minuto.
À tarde se despedindo, os amigos se despedindo.

Adeus, primavera.

Um pouco mais soltos, próximos e amáveis.
Sempre à frente dele, segurou sua mão esquerda e pôs-se a puxá-lo para o outro lado da rua.
"Calma! Estou jovem para morrer", resmungou sorridente.

Papearam sobre ele, sobre ela, sobre os outros... Menos sobre os dois de uma única vez – se é que o leitor me entende – apenas conversas batidas, mastigadas, chatas.

Entre conversas, risos, uns segundos de silêncio, deram por si que o destino final estava ali.
Mudo. Mão direta no peito – talvez um hino, uma oração, um pedido - olhar no horizonte, sem coragem. Indo contra o seu desejo, aguardando um fim: que ela partisse de uma só vez dali.
Contraditório, também pensei.

Apressada, vasculhou a bolsa cheia de trecos e pegou o dinheiro da condução.
Mais próximos do fim. Um pouco distante o ônibus ousara acelerar mais e mais, indo, talvez, contra a vontade dos dois.

Adeus, morena!

Aberto os braços, os sorrisos. Um abraço apertado, com medo, com timidez.
Um adeus singelo, sem coragem, sem amor, sem paixão. Sem.
Tudo estava sem: sem sal, sem açúcar... Sem eles.
Adeus, um abraço apertado para guardar o momento. Um calafrio demorado para não esquecer jamais.
Adeus, morena! Adeus...




Jônatas Mário Morais.

domingo, 22 de agosto de 2010

Oito

Passa o vento,
Passa o tempo,
Passa o passo.

Passa o passado,
Passa o dia,
Passa a noite.

Passa o momento.

Passa o beijo,
Passa o abraço,
Passa o passo.

Passa a paixão,
Passa a atração,
Passa o desejo.

Jônatas Mário Morais

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Fls.

Quando disse que não queria mais,
Estava suprimindo a verdade.
Negando profundamente um sim,
Tentando não mostrar o que havia ali.

Jônatas Mário Morais.

sábado, 24 de julho de 2010

Laços

Desenterro este sentimento ínfimo
Que precipita-se constantemente,
Que destoa do meu racional.
Este sentimento que abarca o meu ser.

Jônatas Mário Morais.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Esperar; Esperança; Confiança.

É uma terça sem nexo,
Uma semana tensa,
Densa.

Noites frias e silenciosas,
Segundo por segundo,
Pensamento por pensamento.

Solidão delirante.

Basta este instante,
Distante.
Minhas noites, minhas.

Partículas circulam no quarto,
Caem nos nossos lençóis.
Deito.

Deleito-me do passado,
Volto a ausência,
Perco a consciência.

É triste.
É tenso.
É nosso.

Vibrações intensas,
É o tremor do meu corpo,
Tenso.

Denso.
Sento.
Penso.

Acredito que penso,
Acho que sinto,
Entendo que pressinto.

Compreendo,
Acredito,
Insisto.

Seu interior, meu.
Meu interior, seu.
Intrínsecos somos.
Denso.

Falta uma:
Saudade.
Seu espaço está aqui.

É tenso;
É denso;
É meu;
É seu.

É nosso.

É saudade;
É esperança;
É a distância;
É você.

Sustento meu corpo,
Difícil.
Mas aguento firme.

Chegou ao fim.
Mais um mês assim,
Tudo desabará.

Denso.
Sento.
Penso.

Jônatas Mário Morais

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Passos

Seguem os versos mais perversos,
Seguem as lágrimas mais salgadas,
Escorre o sangue mais consistente,
Cai o meu corpo, tão levemente.

Tão frias são minhas noites,
Tão calmas são minhas manhãs,
Com tão poucas pessoas,
Um curto tempo só meu.

Cinco manhãs seguidas para mim.
Um caminho que só eu sigo, pensante.

Tardes tão engraçadas.
Vezes tão chatas, densas, insuportáveis.

Mas o que posso fazer,
São momentos da vida,
São momentos que não posso desprezar.
São dias, dias... anos e anos,
Uma vida inteira para aproveitar.

Jônatas Mário Morais