terça-feira, 22 de junho de 2010

Esperar; Esperança; Confiança.

É uma terça sem nexo,
Uma semana tensa,
Densa.

Noites frias e silenciosas,
Segundo por segundo,
Pensamento por pensamento.

Solidão delirante.

Basta este instante,
Distante.
Minhas noites, minhas.

Partículas circulam no quarto,
Caem nos nossos lençóis.
Deito.

Deleito-me do passado,
Volto a ausência,
Perco a consciência.

É triste.
É tenso.
É nosso.

Vibrações intensas,
É o tremor do meu corpo,
Tenso.

Denso.
Sento.
Penso.

Acredito que penso,
Acho que sinto,
Entendo que pressinto.

Compreendo,
Acredito,
Insisto.

Seu interior, meu.
Meu interior, seu.
Intrínsecos somos.
Denso.

Falta uma:
Saudade.
Seu espaço está aqui.

É tenso;
É denso;
É meu;
É seu.

É nosso.

É saudade;
É esperança;
É a distância;
É você.

Sustento meu corpo,
Difícil.
Mas aguento firme.

Chegou ao fim.
Mais um mês assim,
Tudo desabará.

Denso.
Sento.
Penso.

Jônatas Mário Morais

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Basta acreditar que sim

São palavras falsas, eu sei.
Apertos forçados, eu sei.
Momentos duvidosos, sabemos.

Não adianta mentir,
Disfarçar desejos.
Arrependimento vem depois.

É um misto de culpa,
Frustração incontida,
Tentação desenfreada.

Compulsão neste objeto,
Abraçar, Beijar, Ouvir... Sentir.
Reflexo, este é o seu.

Jônatas Mário Morais

Passos

Seguem os versos mais perversos,
Seguem as lágrimas mais salgadas,
Escorre o sangue mais consistente,
Cai o meu corpo, tão levemente.

Tão frias são minhas noites,
Tão calmas são minhas manhãs,
Com tão poucas pessoas,
Um curto tempo só meu.

Cinco manhãs seguidas para mim.
Um caminho que só eu sigo, pensante.

Tardes tão engraçadas.
Vezes tão chatas, densas, insuportáveis.

Mas o que posso fazer,
São momentos da vida,
São momentos que não posso desprezar.
São dias, dias... anos e anos,
Uma vida inteira para aproveitar.

Jônatas Mário Morais

sábado, 5 de junho de 2010

Manhã de domingo

Está se perguntando o que essas pessoas fazem ao seu redor. Não entende como consegue ver o seu corpo parado, sem nenhuma ação, com um cobertor de flores, um travesseiro de rosas.
Corre por entre os colegas, amigos, vizinhos, até chegar aos pais. Abraça-os, mas não tem o retorno. Energia fora da matéria, essência fora de uma forma.
Percebe que não está mais ali: matéria, corpo, ser animado. Agora só está nas lembranças, nos momentos marcantes, e até mesmo nos instantes de dor.

Agora é o momento que antecipa o guardar, são as palavras que deveriam ser ditas ainda quando estava vivo, mas é tarde. Começa então a oratória, as palavras de consolo, o chorar dos compadres, o abraçar dos familiares, as palmas cada vez mais fortes.
Caminham até o corpo, fazem-lhe as últimas carícias, sussurram como se ele ainda estivesse presente naquela casca, molham-no com as lágrimas que escorrem rapidamente pelo rosto decadente. Admiram apenas o invólucro, a essência não está mais ali.

Depois do momento de despedida, chega então a hora do guardar. Firmemente seguram as alças, caminham até a gaveta, e vagarosamente guardam a caixa, e aos poucos jogam as flores. Então a gaveta é fechada. Abraçam-se simultaneamente, dividem a dor da perda, entendem que agora acabou, que é tarde para qualquer tentativa de desabafo, abraço, beijo sufocado.
Lembrarão para sempre deste momento, deixarão para sempre aquele ser ali, guardado, lacrado, sepultado.


Jônatas Mário Morais