domingo, 7 de março de 2010

É noite

E a chuva cai, os pingos molham a janela. Eis que está na minha frente, parada, fria, transparente, molhada. Vejo o céu escuro, ouço os relâmpagos, sinto o tremor... Percebo a raiva dos céus. E tudo para. Os relâmpagos, os clarões. Menos a chuva. As gotas, que no começo eram as mais finas, tornam-se as mais grossas. Caem por cima dos objetos, no chão. As gotas alisam a janela, o chão. E por alguns instantes apenas a chuva, o choro dos céus. E tudo volta de repente. Vejo outra vez o clarão, ouço outra vez o trovão. E todo o céu ilumina. A chuva se torna mais forte, as nuvens mais escuras, os sons cada vez mais fortes, o clarão cada vez mais incessante. Qual o som da rua? A rua está calada, nua, crua... A rua está molhada. E como está a janela? Parece estar chorando. Os pingos continuam a molhá-la. A emocioná-la.


Jônatas Mário Morais