segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Treze 10

As mãos tentam impedir a todo custo uma aproximação ousada, que demonstre uma intenção mascarada pela generosidade.
Os dedos chegam cada vez mais perto, cada vez as mãos trêmulas, um pouco úmidas, tocam-lhe uma pequena parte do braço direito.
Desperta rapidamente de alguns segundos de cochilo; afasta a cabeça da janela; abre os olhos assustados; suas mãos buscam a bolsa, o caderno e alguns livros. Ele, não muito diferente, também se assusta com a reação dela.

Não queria tê-la acordado de tal maneira. Apenas sentir-lhe um pouco, antes de preocupar-se efetivamente com um possível mau jeito no pescoço.

- Perdão, não queria te acordar de tal maneira. Explicou, timidamente, o jovem.

- Não, não foi nada. Estava na hora de acordar. Desço daqui a dois pontos.

Depois de um curto diálogo os olhares se perderam.

Levantou-se. Obrigada a olhar nos olhos dele - já que o ônibus estava cheio e ele estava em pé na frente dela - pediu licença. Os lábios pestanejaram, a fala impedida de entrar em ação por causa da sintonia, um medo a dois.

- Claro, pode passar.
Respondeu o rapaz moreno, alto e charmoso – os adjetivos gritavam do pensamento dela, eu ouvi nitidamente.

Fizera questão de deixar visível o horário da faculdade – talvez na esperança de que ele fosse visitá-la, convidá-la para uma balada, ou quem sabe para sua casa. Passou vagarosamente pelo rapaz, o prazer tomava conta. Queria sentir o perfume, a pele, o tórax.
Mesmo com tamanha timidez, passou a barba nas costas da garota assanhada. Arrepios. Caminhou em direção a saída e despediu-se contrariada, com um sorriso avassalador.




Jônatas Mário Morais.