quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Inconstante
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Due
Jônatas Mário Morais
domingo, 11 de dezembro de 2011
Diálogo ou monólogo - Parte II
- Não, não. Aqui é o Paulo. Quem fala?
- Ah! é um amigo dele... O Fernando.
- Prazer, sou o primo dele. Quer deixar recado? Ele foi dar uma volta na praia.
- Nada demais. Só diz que estou mudando de cidade, e ele tem que pegar as roupas, os livros, as cartas e tudo mais que me faça lembrar dele. Diz também que mandei um forte abraço, e que tão cedo não nos veremos.
- Tranquilo. Darei o recado. Boa viagem.
- Obrigado.
Jônatas Mário Morais
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Calmaria
Acabei por jogar todo o amor em sentido oposto ao meu caminhar, e o vento encarregou-se de encobri-lo com areia. E o mar envolveu-me de tal maneira que afagou meu espírito, meu corpo. Flutuei por sobre as marolas calmas e tranquilizantes que ousavam tocar-me o corpo. Descansei em paz durante séculos, tão somente a tua espera.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Parte de nós
Jônatas Mário Morais
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Infinito
Já não há palavras no peito,
nem amor.
E tudo ficou perdido na imensidão do tempo.
Jônatas Mário Morais.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Traços à noite
Jônatas Mário Morais.
terça-feira, 31 de maio de 2011
Café e amor
Corri imediatamente para o banheiro, na esperança de permanecer em silêncio, sem fumaça, barulho de trânsito e os gritos daquela louca que invadiu minha casa. Em vão. Começou a bater e soltar os palavrões mais assustadores. Permaneci ali. Acendi um cigarro, o único que sobrou. Porque os outros foram jogados na lata do lixo, minutos antes do caminhão passar, às sete da manhã de sexta-feita.
O fim de semana estava sendo muito bom, mas para ela. Afinal, conseguia despejar todas as angústias que sentia. Mesmo eu não sendo o culpado das desilusões que vinha tendo em casa e na faculdade. Pois dizem que o namoro tem que permanecer firme em todos os momentos, até naqueles em que uma das partes está confusa, deprimida, e, pior que tudo isso ser mulher e, consequentemente, estar na fase da tpm.
No entanto, nunca soube que eu guardava uma garrafa de vodka no fundo do armário do banheiro. Não só vodka, mas uísques e uns charutos. Mas não havia copo. Puta que pariu! Como pude esquecer do copo? Afinal, detesto beber diretamente na garrafa.
Vasculhando o armário acabei encontrando um antisséptico bucal. É, pode parecer porco, mas é álcool por álcool.
- Abra essa porta, canalha! - gritou com toda a força - Que cheiro é esse? É vodka? Charutos?
Não respondi. Continuei bebendo e fumando. A fumaça escura do cigarro tornando o espaço denso, carregado. Passei para o charuto cubano, ah! maravilha. Uma vibe positiva, mesmo com toda aquela algazarra.
- E agora, já passou pro charuto? Você é um verme! Pensa que me engana? Porra, saia deste banheiro, filho de uma puta! Vambora! Vai ficar fugindo?
Socava a porta e, logo em seguida, seguiu para o quarto. Pegou uma maço de cigarro, correu para a varanda e sentou-se no muro. Aos prantos, chamava-me suavemente, um pouco rouca também.
Tenso é saber que só por causa de uma namoradinha de infância ter pedido um selinho - como fazíamos quando criança - próximo ao meu trabalho, no shopping, ela encasquetou que estávamos tendo um caso. Puts! Mulher é foda.
Depois de alguns goles de uísque, acabei por ficar um pouco frágil, meloso e fui abraçar, beijar e dar o velho ombro amigo - como tem que ser, não? -, como bom namorado que sou.
Levei junto a garrafa de vodka e uísque. Mas não divido meus charutos com ninguém, não mesmo! Bebemos, brincamos, rimos e assim passamos a noite inteira de sábado, deitados na varanda ao som de Cazuza:
"Pra que buscar o paraíso
Jônatas Mário Morais
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Páginas em branco
No entanto, hoje é diferente. Esqueci de repor o estoque, supermercado fechado, mercadinho fechado e não há nenhum vendedor autônomo com a banquinha-tem-de-tudo. Afinal, são três da madrugada de domingo e tem festa lá no centro, já que hoje é o aniversário da cidade.
Além do cigarro, costumo beber uísque ou coisa mais forte, mas não estou disposto para isso. Sem desejo, sem ânsia de embriagar-me. Pois bem, só sei que estou depressivo, dor de cabeça e uma vontade enorme de permanecer deitado, com o rosto afundado no travesseiro, a cintura envolvida com o lençol e continuar neste ritmo até que eu canse.
Nada, absolutamente nada dos meus costumes estão sendo postos em prática desta vez. Estou me estranhando. Será evolução? Ou será um enorme vazio dentro de mim que você deixou? É, talvez seja isso.
Mas esse sentimento vai além, me corrói a alma, faz com que eu atrite meus dentes uns com os outros, que eu roa as unhas e que sinta arrepios descontroladamente.
O caderno que costumávamos escrever tudo aquilo que era importante para nós, não está mais dentro da nossa caixa de nostalgia. Também não está em nenhum lugar da casa. Deve ter sido jogado fora junto com os dizeres postos em cartas no formato de coração.
Na verdade, era tudo uma puta merda. O que não era uma puta, era uma merda e vice-versa. No fim, sempre acabávamos bem... Bem cheios de ódio, um desejo louco de dizer palavras de baixo calão e tudo o que viesse no momento de raiva.
Apesar de tudo, este é o único momento que me sinto completamente frágil, fraco e inseguro. Nunca dissemos “acabou”. O que falávamos era “acabou por hoje, por essa semana ou por esse mês”. Mas nunca, nunca dissemos “acabou”, de forma fria e única.
Está acabando também a minha força, a vontade de continuar respirando, andando, comendo, vivendo. Ficar sóbrio e sem fumar é demais para mim. Tudo fica tão real. É tudo mais impactante.
Jônatas Mário Morais
quinta-feira, 3 de março de 2011
Mentira é para os fortes
Mentir é coisa dos deuses, amor. Mentira é para quem é forte. Eu nunca menti, sou fraco. Nunca menti pra você, pro Paulinho, Paula ou Patrícia. Nunca menti pra ninguém. Sou fraco, amor.
Pensei em mentir, mas só de pensar me enfraqueço mais. Só de pensar em mentir que pensei em mentir um dia, eu morro. A fraqueza é intensa, forte, completamente dominante.
Eu não minto, acredite. Mentir é privilégio dos fortes, dos que não amam, dos que não sentem um vidro entrar nos pés e, se sentir, não choram.
Mentir é para os fortes, amor. Acredite. E você sabe, eu nunca fui forte.
Jônatas Mário Morais.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Treze 10
As mãos tentam impedir a todo custo uma aproximação ousada, que demonstre uma intenção mascarada pela generosidade.
Os dedos chegam cada vez mais perto, cada vez as mãos trêmulas, um pouco úmidas, tocam-lhe uma pequena parte do braço direito.
Desperta rapidamente de alguns segundos de cochilo; afasta a cabeça da janela; abre os olhos assustados; suas mãos buscam a bolsa, o caderno e alguns livros. Ele, não muito diferente, também se assusta com a reação dela.
Não queria tê-la acordado de tal maneira. Apenas sentir-lhe um pouco, antes de preocupar-se efetivamente com um possível mau jeito no pescoço.
- Perdão, não queria te acordar de tal maneira. Explicou, timidamente, o jovem.
- Não, não foi nada. Estava na hora de acordar. Desço daqui a dois pontos.
Depois de um curto diálogo os olhares se perderam.
Levantou-se. Obrigada a olhar nos olhos dele - já que o ônibus estava cheio e ele estava em pé na frente dela - pediu licença. Os lábios pestanejaram, a fala impedida de entrar em ação por causa da sintonia, um medo a dois.
- Claro, pode passar.
Respondeu o rapaz moreno, alto e charmoso – os adjetivos gritavam do pensamento dela, eu ouvi nitidamente.
Fizera questão de deixar visível o horário da faculdade – talvez na esperança de que ele fosse visitá-la, convidá-la para uma balada, ou quem sabe para sua casa. Passou vagarosamente pelo rapaz, o prazer tomava conta. Queria sentir o perfume, a pele, o tórax.
Mesmo com tamanha timidez, passou a barba nas costas da garota assanhada. Arrepios. Caminhou em direção a saída e despediu-se contrariada, com um sorriso avassalador.
Jônatas Mário Morais.
domingo, 2 de janeiro de 2011
Tensão superficial
Acompanhado de uma garrafa de conhaque, sentado no canto da sala, ainda com a roupa do trabalho – a camisa embebida de suor. Retirei os sapatos - apenas as meias aquecendo meus pés.
Um peso nas costas, na cabeça... Um peso. Conhaque, gelo e um livro. Lendo um desses contos que traz átona o valor da vida - as pequenas coisas que deixamos de fazer, mas que poderiam nos trazer grandes alegrias, dos amores e paixões que deixamos passarem despercebidos.
Alguns instantes sentado. Aos poucos fui relaxando, até estar completamente jogado na poltrona. Observava o copo transpirar, o gelo circulando. Nenhuma música clássica, nada tocando. Mas continua a dançar. Direita, esquerda; esquerda, direita; círculos. Prosseguia até o instante em que o interrompia e diminuía o volume de conhaque.
Minha mão, úmida e gelada, encarregava-se de direcionar o copo aos meus lábios sedentos de álcool. O gelo disputava lugar com o conhaque, mas eu preservava-os lá, queria observá-los. Duas ou três pedras - não tão frias quanto eu - derretiam contrariando-me.
Mais conhaque e mais gelo. Um cigarro para tornar o momento mais denso. Tragava profundamente, sem medo. Aprisionava a fumaça dentro dos meus pulmões, só liberava quando se tornava insuportável.
Um sopro. Uma nuvem negra cobria a cabeça, não diferente da vida. Apenas uma analogia concisa. Perdia-me diante de mim mesmo.
O primeiro cigarro próximo do fim; os problemas tão somente no começo.
Entre os dois, até chegar ao fim... Até queimar os dedos. Um pouco de gelo para esfriá-los; um pouco de dor para lembrar de mim; um pouco de angústia para fortalecer o momento; um pouco de sofrimento para beber mais.
Jônatas Mário Morais.